favelost

FAVELOST é um Projeto musical / audiovisual / literário de Fausto Fawcett, Jarbas Agnelli e Jodele Larcher com participação de Carolina Meinerz.


FAVELOST is a musical / audiovisual / literary project of Fausto Fawcett, Jarbas Agnelli AND Jodele Larcher, featuring Carolina Meinerz.

GUINDASTES EVANGÉLICOS - LIVE

RELEASE by Fausto Fawcett

capa 2.JPG

O disco tem nove músicas compostas por Jarbas agnelli com letras escritas por mim. as músicas contam ainda com a participação de André Abujamra, Irmãs Paixão, Marcos Suzano e Rodrigo Sha.

as 9 faixas são entremeadas por vinhetas contendo narrativas curtas, textos narrados por mim e Carolina meinerz, envolvidos por tapeçarias musicais criadas por jarbas.      

As músicas foram concebidas em Fevereiro de 2020. Concebidas no sentido de conjugação letra e música, pois Jarbas já tinha um arsenal de composições à espera de ser acionado. E isso aconteceu graças ao empenho de Jodele, mentor desse encontro e que já vem trabalhando com fausto há dois anos. Ele disse que eu precisava  me encontrar, conhecer, trabalhar com Jarbas, que o estúdio dele era sensacional, um bunker inspirador para viagens textuais e também para concepções de registro audiovisual, além de Jarbas ser um excelente designer o que permitiria, além da musical, outras conjugações, outras parcerias. 

Jarbas, em Dezembro de 2019, me enviou o tal arsenal. Selecionei nove tracks e no segundo mês de 2020 nos reunimos no estúdio dele em SP, que realmente era uma jóia de mobília eletrônica, com aparelhagens contemporâneas acopladas ou convivendo, funcionando com aparelhagens (teclados, gravadores, computadores, monitores, pedais) de várias épocas, num híbrido analógico - digital simplesmente sublime.

Há muito eu queria trabalhar com sonoridades e climas saídas de um ambiente como esse. Conversei muito sobre isso com Jodele . E foi nesse bunker que as letras foram feitas enquanto os loops das batidas, das músicas rolavam.       

Enquanto isso, Jodele registrava e registrava para compor sua partitura visual. O que, aliás, acontecia de forma  gigantesca num telão que reproduzia numa parede do estúdio as linhas coloridas das gravações. Programações manipuladas por Jarbas criando palimpsestos sonoros, enquanto eu manipulava palimpsestos textuais. Camadas de textos e camadas de sons, notas e palavras improvisando uma Cabala inédita chamada Favelost. Fábulas sendo rabiscadas numa gruta imaginária e o sofisticado digital simulando analógico sound, o básico primitivo analógico mental, sensorial, emocional. Antiguidades gigantescas presentes nas atualidades frenéticas. 

Além do estúdio bunker, uma outra inspiração aconteceu. As histórias do bisavô de Jarbas, Furio, um músico excepcional que ele pretende homenagear e apresentar definitivamente ao publico em geral, em breve, num outro trabalho. O órgão da Catedral da Sé em SP  foi construído por ele, concebido por ele, que é autor de mais de 600 composições para órgão, piano, orquestra e coral. Só pra constar. Eu e Jodele ficamos fascinados pelas histórias e composições de Furio. O disco tinha que ter uma música dele, e ela foi extraída de uma de suas partituras de inspiração religiosa. CORAÇÃO DE JESUS.     

Outra presença importante é a de Carolina Meinerz que já dirigiu e atuou numa adaptação (solicitada por ela mesma) minha para a peça Salomé de Oscar Wilde e há alguns anos, divide o palco comigo e outros participantes no evento literário musical Trovadores do Miocárdio que acontece em SP na Balsa. Ela é a musa / avatar das vinhetas que foram expandidas por Jodele e Jarbas em peças áudio - gráfico - visuais. Companheira perfeita.      

FAVELOST é a crônica musical que dá um rasante nos sentimentos contemporâneos, nas rações afetivas, amorosas cercadas, instigadas por velocidade, precariedade, ansiedade, brutalidade. Uma opereta de falação ritmada tocando nesse assunto. Rapsódia eletrônica inspirada nos gritos e sussurros das atualidades. O que é muito antigo ninguém segura. 

FAVELOST, A cabala improvisada. O disco.

FAVELOST - o disco


Primitivo tambor

o primitivo tambor

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da tempestade

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provoca mutação

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na paisagem sonora

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do meu coração

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o primitivo tambor 〰️ da tempestade 〰️ provoca mutação 〰️ na paisagem sonora 〰️ do meu coração 〰️

o que é e o que não é real

dentro de um ônibus

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cruzando a cidade

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olhando essa mistura

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de super-ninguém com todo mundo

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dentro de um ônibus 〰️ cruzando a cidade 〰️ olhando essa mistura 〰️ de super-ninguém com todo mundo 〰️

GUINdastes evangélicos

acima de você

〰️

alguma coisa

〰️

tem que ter

〰️

acima de você 〰️ alguma coisa 〰️ tem que ter 〰️

nuvens de james brown

confunde o wi-fi

〰️

envenena o motor

〰️

envenena a maquina

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desliga a cidade

〰️

apaga a luz

〰️

confunde o wi-fi 〰️ envenena o motor 〰️ envenena a maquina 〰️ desliga a cidade 〰️ apaga a luz 〰️

FESTA NO iate espacial

muito excitante

〰️

mas é muito emocionante

〰️

estranho

〰️

excitante

〰️

emocionante

〰️

muito excitante 〰️ mas é muito emocionante 〰️ estranho 〰️ excitante 〰️ emocionante 〰️

corações flutuantes

a beleza

〰️

da leveza

〰️

meio pensativa

〰️

musical

〰️

nesse lugar

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sem nenhuma gravidade

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a beleza 〰️ da leveza 〰️ meio pensativa 〰️ musical 〰️ nesse lugar 〰️ sem nenhuma gravidade 〰️

ó, coração de jesus

eterna

〰️

cantata

〰️

sacramenta

〰️

ó, coração

〰️

de jesus

〰️

eterna 〰️ cantata 〰️ sacramenta 〰️ ó, coração 〰️ de jesus 〰️

favelost o baile

não quero ficar desse jeito

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não quero ficar parado

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não quero ficar aleijado

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não quero ficar desalentado

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não quero ficar desempregado

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não quero ficar abandonado

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não quero ficar desse jeito 〰️ não quero ficar parado 〰️ não quero ficar aleijado 〰️ não quero ficar desalentado 〰️ não quero ficar desempregado 〰️ não quero ficar abandonado 〰️

psicótica mãe

pequeno apartamento

〰️

de megalópole

〰️

apartamento apertado

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de grande cidade

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a mamãe

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olha o nenêm

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como num afresco de michelangelo

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indo colocar

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o seu dedo

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na tomada

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pequeno apartamento 〰️ de megalópole 〰️ apartamento apertado 〰️ de grande cidade 〰️ a mamãe 〰️ olha o nenêm 〰️ como num afresco de michelangelo 〰️ indo colocar 〰️ o seu dedo 〰️ na tomada 〰️

FAVElost - completo

favelost live

fotos das apresentações no projeto canvas (galpão cru) e no rio music market

RELEASE by alex antunes

Jarbas no computador.jpg
Fausto Escrevendo 2.jpg
Modulares fish eye.jpg
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Há vozes cuja força se deixa acompanhar por quaisquer sonoridades, sem se abalar. Penso em Elza Soares. Também em Otto que, uma vez, disse que para ele a música eletrônica era como cueca, “se for confortável eu uso”. 

Há spoken word, a literatura falada que, frequentemente, se beneficia de acompanhamento musical, seja jazzy, funky, eletrônico, reggae... 

Há o cyberpunk, a literatura que teve forte impacto na música pré e pós-punk, reciclando influências das vanguardas já em meados dos anos 1970 se considerarmos J. G. Ballard como precursor do gênero (Chrome, Cabaret Voltaire, Throbbing Gristle, The Future – origem da Human League e do Clock DVA) e anos 1980 adentro, já em seu ápice (rock industrial).

E há Fausto Fawcett, que tem a ver com tudo isso. 

Foi naquela fabulosa brecha aberta no Brasil dos anos 80, que combinou o final da ditadura, uma liberação de energia criativa quase sem precedentes e uma espécie de sincronização inédita do país com o mundo. Produzido por um ex-Mutante transformado em produtor de ponta (Liminha), um dos hits mais espetaculares da década, “Katia Flávia”, a Godiva do Irajá, puxava o álbum de estreia de Fausto Fawcett e os Robôs Efêmeros.

Combinando crônica policial, provocação sexual e funk eletrônico tropical, a faixa onipresente (foi parar até na trilha do filme Lua de Fel, de Roman Polanski, que a ouviu numa passagem pelo país) realizava e radicalizava o vislumbre de uma wave local de Julio Barroso, de Aguilar & a Banda Performática.

O texto originalíssimo de Fausto, numa espécie de pêndulo entre o olhar para o subúrbio e para Copacabana e a ficção científica, rendeu ainda um segundo disco naquela década, Império dos Sentidos, com a atriz Silvia Pfeiffer na capa inaugurando uma galeria de musas (é o aspecto gainsbourguiano de Fausto).

No terceiro e derradeiro álbum (para além de colaborações com figuras como Fernanda Abreu e Rogério Skylab), chamado Básico Instinto, de 1993, a voltagem sexual subiu ainda mais. Esse rendeu um espetáculo sensacional, uma espécie de teatro de revista encenado dentro de uma caixa preta, com uma superbanda (Dado Villa-Lobos da Legião, Dé do Barão, Barone dos Paralamas, Ary Dias da Cor do Som, e Laufer, dos Robôs Efêmeros) e textos de seus livros Santa Clara Poltergeist e o homônimo Básico Instinto.

Foi quando Fausto resolveu se dedicar só à carreira literária, com mais três livros (há mais um em preparação). E cinco peças de teatro, entre 1985 (as primeiras com Hamilton Vaz Pereira, vindo do Asdrúbal Trouxe o Trombone) e 2016.

E eis que duas figuras se inserem nessa história: o diretor e produtor Jodele Larcher, pioneiro do videoclipe no país, que atraiu Fausto para um novo projeto musical e multimídia, apresentando-o a Jarbas Agnelli, que também tem uma carreira notável, tanto no audiovisual quanto na música eletrônica. Eu diria dois profissionais que, ao mesmo tempo, mantêm a intuição pessoal e autoral afiadíssima.

No estúdio AD, de Jarbas (o mesmo nome do grupo que o projetou na cena techno nacional), as bases eletrônicas surgidas de um arsenal digital e analógico, e as imagens das programações visuais, convergiram com o verbo jorrante de Fausto, numa “gruta imaginária, um bunker cabalista improvisado”, na definição de Jodele. 

Foram nove as faixas resultantes – inclusive uma derivada de uma partitura do avô de Jarbas, Furio, que construiu o órgão da Catedral da Sé. Essa virou “Ó, Coração de Jesus”. Nas outras há referências à ficção científica, ao colapso dançante da sex machine de James Brown, à urbe claustrofóbica de mães psicóticas, cultos midiáticos, “babando de solidariedade, babando de sentimento familiar, babando de ódio, babando de amor, babando de indignação, babando de metafísica”.

Outras nove vinhetas de pouco mais de um minuto são narrativas curtas, nas vozes de Fausto e de Carolina Meinerz, musa e colaboradora que dirigiu a adaptação dele para a peça Salomé, de Oscar Wilde. Favelost é esse turbilhão de informação – me vem à mente o termo infodemia, a pandemia, a saturação de informação, que o trio navega e propõe que naveguemos com a sua magia caótica.

RIDER tÉCNICO

 
  • VOZ: FAUSTO FAWCETT

    TECLADOS: JARBAS AGNELLI

    BAIXO: GABRIEL AGNELLI

    GUITARRA: DANIEL indio CAMIRANGA

    SAX: RODRIGO SHA

    VISUAIS: JODELE LARCHER

    PARTICIPAçÃO EM VIDEO: CAROLINA MEIHERZ

    • Fausto: Mic

    • Teclados: direct box + mic

    • Baixo: Amp + mic

    • guitarra: Amp + mic

    • sax: direct box

    • 1 vj com 1 saída de audio stereo

    • Projetor de 6k ansi lumens

    • tela ou ciclorama de 6 x 3 mts

  • JODELE LARCHER: +5521 981234231

 
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