FURIO

FUrio é um projeto musical de jarbas agnelli, lançado em 2020 pela cri du chat disques / universal music.

Disponível em todas as plataformas de streaming,


furio is jarbas agnelli’s musical project, launched in 2020 by cri du chat disques / universal music.

available on all the streaming platforms.

 

FOGE-ME AO CONTROLE

Quarto single lançado por furio, foge-me ao controle é uma homenagem à artista, atriz e escritora fernanda young, falecida em 2018. Fernanda já havia colaborado com jarbas agnelli recitando trechos de seus livros para a banda AD, com duas músicas lançadas em 2000 pela gravadora trama. agora furio musicou um poema inédito, gravado com a voz da autora, gentilmente cedido por seu amigo e ex-dupla alexandre machado (ex-marido de fernanda). O clipe abaixo foi produzido com ilustrações feitas sobre fotografias particulares da escritora, com curadoria de sua filha estela.

Fourth single released by furio, foge-me ao controle (runs out of my control) is a homage to the artist, actress and writer fernanda young, who passed away in 2018. Young had collaborated with Jarbas agnelli in the past, reciting excerpts of her books for the band AD, with two songs released by Trama records in 2000. now furio composed a song over an unpublished poem, recorded with the voice of young, kindly provided by his friend and ex-creative partner Alexandre Machado (ex-husband of young). The Music video bellow was produced with illustrations made over photos of her prived collection, curated by her daughter Estela.

 
 

clique aqui para ouvir o single Transcommunication Machine.


click here to listen to the single transcommunication machine.

Furio - Release

by Alex Antunes

Furio é Jarbas Agnelli. Na verdade, Furio é o bisavô de Jarbas Agnelli. Tem um mistério, uma certa vaibe nessa transmissão da paixão musical pelo DNA. Que por sorte, nas duas pontas, se traduz em muito talento e realização. Mas vamos por partes.

1.  O Furio de 2020 é música eletrônica. Para quem conhece Jarbas do duo AD, que lançou um bom disco de big beat na virada do século, em 2000, a fluência envolvente da faixa agora lançada (e já vêm outras por aí) não é uma surpresa. Era o ápice da eletrônica mundial, e o foco estava nas pistas. Agora o som continua impactante e grooveado, mas é mais nuançado.

Está lá o ouvido para gêneros como o techno e o breakbeat (e um toquinho sombrio de trip hop), mas dá para ouvir mais a sutil influência de outras épocas formativas de Jarbas, como o progressivo (quando de algum modo ele enxergava a entrega de seu bisavô no gigantesco synth modular de Keith Emerson). E do synthpop (então chamado de tecnopop) dos anos 1980, quando uma louca onda de novos equipamentos mais compactos e de estilização desinibida varreu a cena.

2. Jarbas é um homem de várias artes. A dedicação ao audiovisual é conhecida: em seu filme Birds On The Wires, que viralizou internacionalmente em 2009, uma foto de pássaros nos fios se transforma numa pauta de música clássica. Está envolvido num projeto de recriação das Quatro Estações de Vivaldi, mesclando orquestra e eletrônica

E sua preocupação com o texto se traduz não só em suas próprias letras, e na parceria com o filho, Gabriel (mais uma geração), que também é compositor, vocalista e produtor, mas vai além. De seus folders sairão faixas de spoken word gravadas com a escritora Fernanda Young, falecida há um ano. No disco do AD já havia duas com o vocal falado dela – e essa é uma das linhas que o Furio vai seguir, com outros convidados.

3. Furio, o bisavô. Esse era uma figura. Veio como segundo regente de uma orquestra italiana, e ficou por aqui. Fixou-se em São Paulo, casou-se com uma filha de conde, causando uma certa agitação familiar. Estudioso de Mozart e Bach, ensaísta, dedicado à música sacra com cerca de 500 composições para piano, órgão e coral, dedicou-se a aprimorar o canto gregoriano na Itália, na França e na Inglaterra. Desenhou e trouxe de Milão o gigantesco órgão da catedral da Sé – onde foi o mestre de capela até morrer.

Trouxe também um órgão, esse bem menor – de apenas 4 toneladas :) – para sua casa, na frente do Museu do Ipiranga. Professor de grandes pianistas, fez indicações na Europa que facilitaram a ida de Villa-Lobos para lá. Teve discos gravados nos EUA e na Argentina. Jarbas pode ouvir o bisavô tocar aos domingos, e foi estudar piano clássico.

Hoje Jarbas considera sua missão lembrar o nome de Furio – um gênio cuja discrição religiosa acabou por tornar pouco conhecido. Quer fazer um longa-metragem documental sobre ele. Entretanto, um pouco na dúvida sobre a ética de usar seu nome num projeto pop, concluiu que, de alguma forma, fazia sentido na conexão, digamos, energética com seu legado.

4. E é onde chegamos à ética e à estética criativa. Um termo-chave para Jarbas é sound design. O órgão já trazia a possibilidade de mexer nos registros – e a música eletrônica elevou isso à enésima potência. O pequeno Jarbas, quando não era notado, sentava-se ao órgão e fuçava nos registros. Acha que vem daí sua disposição em fabricar, manipular, em modular o timbre. A criação em vários níveis, no da composição e no da textura, experimentando, colecionando sons, pedaços de eventuais músicas futuras.

Os sintetizadores modulares, sem timbres pré-programados, convidam a se abrir ao acidente modal, à navegação alheia aos mapas da música pop. Mesmo alguns softwares atuais, como o Live, dão um passo nessa direção em sua arquitetura, se afastando da lógica linear derivada da gravação em estúdio. Quais caminhos foram trilhados desde o som sacro do velho Furio ao profano-tecnológico? 

5.”Transcommunication Machine”, a primeira faixa. A música de Furio, uma das mais “pra cima” de Jarbas, tem um toquinho de Kraftwerk e Depeche Mode. E trata, inicialmente, da busca com comunicações com espíritos usando equipamentos eletrônicos vintage, essa prática peculiar que de fato existe nos meios esotéricos. Para Jarbas, isso também pode remeter a uma busca amorosa – mas talvez simbolize ainda mais. “Ghost in the machine” foi um termo cunhado por Ryle para comentar a dualidade humana entre mente e corpo. Se ligarmos os pontos, talvez estejamos buscando, no fundo da tecnologia, a nós mesmos. Os samples de “Transcommunication Machine” remetem a Isaac Asimov, autor de ficção científica que também se dedicou a temas bíblicos e metafísicos.

6. “Burning”, a segunda faixa. “They knew that / It was coming/ They knew long ago / But instead of stopping / They decide to go” diz um dos versos. Beats quebrados, uma certa solidez electro, uma certa acidez techno. E, por que não, uma doçura melódica: sem forçar a militância, mas propondo aquele vislumbre das tretas em que a humanidade vem se metendo, flertando com o ponto de não-retorno.  Seguimos, tentando ligar os pontos.


 
 

Promo do lançamento do single transcommunication machine.

Jarbas e Microbrute.jpg
 
Jodele Larcher (furio’s manager/producer) and jarbas agnelli.

Jodele Larcher (furio’s manager/producer) and jarbas agnelli.

 
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